quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Montanha-Russa com Martha Medeiros





“Se você ama ler e ama ter seus livros por perto, pergunto:
não fica morrendo de ciúmes quando um amigo pede emprestado um exemplar que você adora, que está todo sublinhado, que virou uma espécie de bíblia íntima?
Negar o empréstimo é complicado.
Então você diz sim, seu amigo leva o livro e a graça de viver acaba.
 Puxa, um livro não sabe se cuidar sozinho.
Vai ficar lá, jogado numa casa estranha, será folheado com desprezo.
Seu amigo poderá deixar pingar café nas páginas.
E ele vai espiar tudo que você sublinhou e tirar conclusões precipitadas.
O livro será devolvido?
Mistério.
Você costuma ler um livro em uma semana no máximo, e ele levará certamente um semestre.
Um semestre!
É uma eternidade longe do seu amor.
Seu livro não pode telefonar pra você, não pode pedir pra voltar, ficará criando pó em estantes desconhecidas, esquecido, humilhado.
Eu só empresto livros para quem tenho certeza de que os ama tanto quando eu, e quando sei que serão lidos num prazo razoável.
Se não há intenção de me devolver logo, que estabeleçam um resgate:
eu pago.”

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